quinta-feira, 4 de julho de 2013

Misericórdia!

Tem coisas que ficam arquivadas no nosso inconsciente sem nos darmos conta da existência, às vezes inexplicavelmente surgem na nossa mente de uma forma tão surpreendente que aí percebemos seu real significado. Outras ficam como uma marca ou registro de uma fase ou momento das nossas vidas. Tem umas passagens  que eu destaco neste momento. Eu acabara de completar 18 anos e prontamente fui ao cinema assistir a um filme cuja censura não me permitira anteriormente. Agora, adulto e "dono de mim", exercia o meu direito de ver no cinema o exorcista! Não esperei muito pra perceber, que se pudesse teria adiado indefinitivamente, ao menos no que se refere a este filme, o meu direito de adulto, ou retrocederia no tempo e não sairia de casa. Assisti!De cabelo em pé ( nesta época eu tinha uma vasta cabeleira!). Ao terminar o filme corri para casa, cumprimentei minha família e corri pro quarto, queria dormir logo aproveitando que estavam todos acordados. Peguei a colcha da cama apressadamente , com tudo que havia em cima, joguei sobre o espelho da cama, apaguei a luz e, como previ, caí imediatamente no sono.
Por pouco tempo. 
Um caminhão de lixo passou acelerado pela rua. Não bastasse o susto causado pelo barulho que me acordou, a colcha recheada de roupas que havia jogado de qualquer jeito sobre o espelho da cama caiu sobre minha cabeça. Saí como louco do quarto como se a Linda Blair estivesse no meu encalço.

Falo nisso porque por muito tempo, guardando as devidas proporções , quando o assunto era alma, reencarnacao ou espiritismo , a conversa ganhava o tom de historias de outro mundo, eu perdia o rebolado e simplesmente não queria saber. Mas de alguma maneira este tema despertava-me o interesse, apesar do temor que causava. O tempo passou, e os assuntos referentes ao espírito caiu no espaço que a grande maioria reserva para ele: o esquecimento! Até que certo dia ouvi falar de Rui Vaz da Costa, conhecido como Dr. Rui, que fazia um verdadeiro trabalho de amor ao próximo, abrindo sua casa para a realização de um magnífico trabalho espiritual. Era por volta de 1993 quando passei a frequentar
sua casa em busca de conhecimento, na tentativa  de gerenciar minha própria vida e viver de uma maneira mais harmônica.

Na sua escolinha do futuro, como ele costumava chamar, aprendi muita coisa. O aprendizado principal foi desmistificar as falsas idéias que eu tinha do mundo espiritual e entender que este não está desvinculado da nossa vida cotidiana, por mais que o mundo aparente afirme o contrário. Reencarnação, causa e efeito, campos energéticos, mediunidade, cromaterapia, oração, limpeza energética, perseguição cármica, os abusos cometidos pelas falsas crenças alimentadas pela religião que invoca o medo e a submissão, tudo isso veio me ajudar a compreender que a matéria não vive sem o espírito.

Nem sempre fui um aluno aplicado, e muitas vezes, como o Dr. Rui sempre falava em suas palestras, era só obter um certo nível de harmonia em nossas vidas que nos afastávamos dos ensinamentos,voltando depois com as mesmas causas que nos levavam para lá, às vezes em situações mais difíceis, nos forçando a compreender a diferença entre informação e conhecimento, como o bom professor que ele era costumava advertir.

Felizes aqueles que souberam aproveitar o tanto que ele generosamente disponibilizava, a todos que o procuravam em busca de conforto, seja por problemas físicos e/ou espirituais. Agradeço muito por ter sido alfabetizado espiritualmente por ele.

Recordo com muita nitidez o dia em que fui à sua escolinha pela primeira vez. Uma enorme fila se formava para o início dos trabalhos. Posso imaginar a minha cara assustada com medo de um espírito me pegar, parecia que os encostos me apertavam a garganta na tentativa de me fazer desistir. Ao entrar na sala  fazíamos um círculo de costas para o centro para uma limpeza feita com fumaça de ervas e incenso, conduzido por dois médiuns. Fiz minha oração e procurava seguir a orientação de respirar profundamente. De repente senti alguém passar a mão nas minha costas e dizer: "misericórdia meu Pai". Só não caí duro no chão porque antes de me entregar ao desespero percebi que o chamado pela misericórdia divina acontecia a cada passe dado nos presentes, e não só para mim que por um momento cheguei a pensar que me encontrava em estado calamitoso. O sorriso de alívio veio acompanhado do sentimento de que novamente se abria pra mim o caminho que muitas vezes havia percorrido! 

Nenhum comentário: