domingo, 22 de fevereiro de 2015

O Outro lado do mesmo Caminho



No dia vinte de janeiro de 2015 comecei um novo trabalho . Estava indicado desde 2014 que eu iniciaria esta nova abordagem criativa , que é construir junto com outras pessoas um caminho de cura.
Essa é uma jornada delicada que só quem já passou muitos anos se dando conta do que se é, é capaz de empreender. Ter suado a camisa  por muitos e muitos anos para encontrar um caminho que me levasse à realização pessoal , trouxe junto a necessidade de compartilhar essa minha experiência . Não significa que eu já estou realizado e pronto, mas a busca me mostrou que não estamos isolados e a melhor forma de crescer é compartilhar. 
Quando observo o ponto onde me encontro faço a relação direta com minha trajetória , minhas escolhas e aprendizado.


Sou conhecido como um profissional do teatro de bonecos, trabalho há mais de trinta anos encantando as pessoas através destes seres pertencentes a um outro mundo . O que pouca gente sabe é que na verdade o teatro de bonecos, na gênese do meu trabalho, entra em cena como um instrumento de cura..
Todo ser humano de uma maneira ou de outra busca o seu lugar no mundo ao mesmo tempo que constrói sua identidade . O teatro de bonecos entrou na minha vida para ser a ponte entre o mundo exterior e o interior. Tudo o que eu precisava ser, buscar , compreender , comunicar e estruturar encontrou no boneco o canal exato para esta existência .
Dando vida ao inanimado eu insuflava energia em aspectos da minha vida que eu nem sequer conhecia . O boneco me tirou da concha escura que eu usava  para me proteger do mundo, e a medida que meu trabalho artístico se fortalecia eu ia compreendendo um pouco mais de mim e do mundo que me cercava. E mais importante ainda, construí relações tão seguras e verdadeiras que hoje eu não tenho a menor dúvida sobre quem sou e o que vim fazer no mundo.
E este olhar sobre o trabalho de cura? Com o passar do tempo percebi como uma parte bem evidente de mim.
O que sentia desde muito jovem era tão grandioso e minha sensibilidade tão a flor da pele que criei mecanismos de sobrevivência . Tinha medo de sucumbir e não realizar a tarefa a que me propus. Mesmo não tendo a consciência de que era isso o que se passava.
( continua ...)

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